Entendendo o Cisma da Igreja


 

Entendendo o Cisma da Igreja


Fonte: Agnus Dei
Autor: Prof. Carlos Nabeto


A primeira divisão dentro do Cristianismo ocorreu em 1054 dC (aproximadamente mil anos após a fundação da Igreja). É o que se chama de Cisma Oriental. Antes disso, grandes polêmicas tinham surgido dentro do seio do Cristianismo mas, mesmo assim, sempre se chegava a um consenso geral através da realização de grandes Concílios Ecumênicos, que reuniam bispos de todo o mundo até então conhecido. Aqueles que não se adequavam às decisões eram afastados da Igreja, criando - como hoje em dia - comunidades heréticas que o próprio tempo tratou de exterminá-las. Mas o Cisma Oriental foi a primeira divisão que realmente abalou o mundo cristão.


Doutrinariamente, os orientais, baseados em Constantinopla, acusaram a Igreja do ocidente de ter acrescentado o termo filioque ao credo niceno-constantinopolitano, resultando na procedência do Espírito Santo a partir do Pai e do Filho e não apenas do Pai, como originalmente registrava tal credo, o que dava a impressão que o Espírito Santo passou a "existir" após o Pai e o Filho. Muito embora a Igreja católica tenha demonstrado e comprovado que tal acréscimo nada modifica na fórmula original, nem impõe uma ordem de procedência já que trata-se do Deus único, a Igreja Ortodoxa jamais aceitou voltar à plena comunhão com a Igreja de Roma, o que bem demonstra que a divisão não ocorreu por motivo simplesmente doutrinário.


Mas então qual seria o verdadeiro motivo da separação?


Política! Desde o séc. VII, Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente, desejava ter os mesmos direitos da sé de Roma, tendo conseguido obter, no máximo, o reconhecimento do privilégio de segunda, logo depois de Roma. Assim, o argumento do "acréscimo ilícito" do filioque foi usado apenas para garantir a separação na ordem política! Isso é História.

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